Se o cravo é escravo
O vento desfolha
Se o aceno é veneno
De quem vai embora
Se a esperança se cansa
Na espera da hora
Se a tristeza é doida
E você não melhora
Se o baque do surdo
Tá mudo na escola
Se a voz é mulamba
Num bamba de outrora
Se o desgosto no rosto
Meu pranto não molha
Você vai me pagar
Você vai ter que me pagar
A dor que me deixou
Doendo o meu olhar
Você vai ter que me pagar
A dor que me deixou
Doendo o meu olhar
Se a criança é lembrança
Que a vida não olha
Se o abraço é palhaço
Por dentro e por fora
Se o sorriso é siso
Na face d'Aurora
Se a vida é doida
E você não melhora
Se a navalha espalha
Eu brilho e esfolha
Se o beijo é desejo
De dar uma esmola
Se as rugas são rugas
Que o tempo devora
Você vai me pagar
Você vai ter que me pagar
A dor que me deixou
Doendo o meu olhar
Você vai ter que me pagar
A dor que me deixou
Doendo o meu olhar
Você vai ter que me pagar
A dor que me deixou
Doendo o meu olhar
Você vai ter que me pagar
A dor que me deixou
Doendo o meu olhar